Alguém diferente?

Estava cansada de ouvir as mesmas músicas sendo tocadas pelas ruas em que passo. Será que esse pessoal não se cansa? Não se cansa de fazer sempre a mesma coisa? De serem tão previsíveis? De gostar de qualquer modinha? De qualquer musiquinha chula, sem letra?
Será que eles gostam de rotinas? De costumes? E as mudanças? É bom mudar. Alguns temem por certas mudanças, mas no fundo, todo mudança tem um lado bom de se ver. E conseguir enxergá-lo é praticamente um dom. Não é para todos. Poucos conseguem.
E eu me encontrei correndo atrás de algo que nem mesma eu sabia o que era de verdade.
Depois descobri. Estava tentando me afastar de toda essa igualdade social. Tentando encontrar novidades que encantem por serem simples demais. Algo que seja diferente. Algo que me envolvesse com facilidade, sem me tediar em nenhum minuto. Ou algo... Ou alguém.
Procurando por alguma mudança. Evitando que a rotina me encontrasse. Evitando com todas as minhas forças que eu me transformasse em uma... deles. Uma igual a eles. Sem diferenças. Sempre igual. Previsível. Nada transparente. Nada.
Estou correndo como posso. Não vou me cansar. Não vou parar para descansar, nem para respirar. Apenas para pensar. Mas isso, posso fazer enquanto estiver correndo.
Não vou parar de procurar.
Pessoas chulas. Fúteis. Praticamente, inúteis por serem tão iguais a todos. Chatas por terem sempre as mesmas semelhanças, os mesmos sentimentos, as mesmas ideias, as mesmas ações.
Deve haver alguém nesse meio que não seja dessa maneira. Deve haver alguém tentanto fugir também, alguém que não se infiltre cada vez mais entre toda essa igualdade, fazendo que esta envolva-o de tal maneira que fique difícil para se libertar de seus braços quando ocodar e enxergar o caminho que seguiu. Onde se meteu.
Alguém deve ter acordado. Antes que fosse tarde demais para recoar. Alguém deve ter dispertado antes que estivesse entre braços de ferro, quase incapazes se soltá-lo.