segunda-feira, 5 de julho de 2010

Por trás da mentira

Ela é cheia de sorrisos e jeitos ao falar, ao comer e andar. Cheia de jeitos diferentes quando gosta, ou não. Cheia de opiniões que dão o que falar e escutar.
Sua vida é repleta de histórias, difícil saber qual mais surpreendente. Difícil decidir o que ela tem de mais encantador. Difícil saber qual foi o momento mais feliz que passou por sua vida. Difícil. Garota difícil que mostra-se fácil a todo momento. Iludindo todos a todo o tempo. Criando uma imagem do que realmente não é. E por nem todos a conhecerem, ela não liga. Não liga ao querer agir como quiser com aqueles que sabe que nunca irão entendê-la de verdade, por isso simplesmente age. Deixando suposições e mistérios não desvendados por muitos. Ela sabe para quem os joga. Sabe com quem está sendo misteriosa, sabe quem é capaz de desvendá-la ou não. Escolhe com quem anda, e sabe o que quer. Mede os seus passos para não chorar nos ombros de alguém se algo, por acaso, ocorrer errado. Garota orgulhosa, acha que não precisa de ninguém para ajudá-la. Acha que sua capacidade defini-se em si mesma, sem outras opiniões ou intervenções. Apenas em si mesma, sem confiança suficiente em outro alguém.
Encanta a todos e sabe disso. Tem certa magia e mexe com o coração de quem pretende. Sua brincadeira é longa, brinca a vontade sem medo de que alguém tenha temores por ela por descobrir tudo sobre suas brincadeiras más.
Quando se tornar adulta, será mais arrogante. Irá aprender novas maneiras de se divertir com os seus fantoches, ou usará os mesmos modos praticados em seus bonecos na sua adolescência, já que nenhum deles falharam um dia. Dará importância para poucos, que se definem naquela minoria que conhece cada canto de seu coração, cada momento de sua vida, desde seu sofrido nascimento até agora. E morrerá por eles se for preciso. Afinal, não haviam muitas pessoas importantes em sua vida, mas quando uma se tornava essencial ela não teria uma simples essencialidade, mas falatidade de fazer com que aquela garota largasse sua própria vida para salvar seus poucos queridos, pois esses sim sabem que de encantador ela não tem nada. Sabem a sua verdade, sem precisarem desvendar qualquer mistério ou cair em alguma ilusão. Eles conhecem seu verdadeiro eu, que na verdade, não é nada daquilo que aparenta ser. Eles a viram em casa, quando o encanto chegava ao fim e fica sossegada no silêncio e o vazio que ele teme por serem capazes de enlouquecê-la facilmente. Viram sua dor. Enxergaram seu outro lado nunca imaginado por alguém. O lado mais secreto que havia naquela menina. O menos encantador, que por ser assim, agia como um imã segurando as pessoas que sabiam de sua existência ao seu redor por livre e espontânea vontade delas. O sofrimento dela era um verdadeiro imã, que quando caí sobre você, te deixava aturdido, tira seu sono e seus próprios pensamentos, sem querer, passam a ser somente sobre ela. E sua vida. E seu jeito. E sua fraude. Uma bela fraude. Uma fraude nunca vista por ninguém, a não ser aqueles que a conheciam. Esta fraude sim encantava por ser sempre muito bem feita, sem deixar rastro algum de sua existência.
Ela era uma verdadeira fraude. Fazia-se de alegre, sorria sem parar e mentia sobre a felicidade -que na verdade nunca a pertenceu- quando estava rodeada de pessoas, que logo imaginavam uma vida perfeita. Sem o que acrescentar ou retirar. Uma vida perfeita, em todos os sentidos.
A perfeição sempre atraí todos. Sempre nos envolve em seus braços dando-nos um abraço rápido, suficientemente capaz de mostrar tudo que pode oferecer a alguém. E aquela garota, parecia ser a única ter essa tal perfeição em sua vida, andando com ela de mãos dadas.
Mentia para ela mesma, e sabia disso. Mas era apaixonada por aquele gosto de ser o centro das atenções. De ser alguém que nunca foi, gostava de inventar. Gostava de dizer ter o que não tinha. Mas quando ficava sozinha em sua casa, ou em qualquer lugar de pura solidão, a imagem que criava para si desabava rapidamente, demoronava diante de seus olhos fazendo-a enxergar o quanto sua vida era vazia. O quanto não tinha valor. E o quanto doia ser assim.

Um comentário:

Louise Mira disse...

Olá, querida!

Vim agradecer o comentário e a postagem do meu texto no seu flog!

Espero sua visita mais vezes! :*