quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pensamento 18 de 365


                                                                                                                                              Autocrítica:
momentos-talvez-branda-demais 
momentos-talvez-exagerada-demais

As imagens rápidas. O pensamento-segundo (segura, se não escapa) prolongado nos tempos: futuro e presente (presenteia a quem? A mim vai longe (ou perto e mal sei?)). Que graciosidade perceber que ainda há interrogações. Aqueles que reclamam, pestanejam por enxergar muitas, continuem enxergando. A sensação de não tê-las por perto é de silêncio-morto e palavra-morta. Palavra que diz mas que, se não fosse dita, não faria diferença nenhuma para alguém e para quem a fala. Por que falar, então?

Silêncio.

Silêncio que não sabe o que dizer, não por vergonha ou timidez, realmente não sabe. Não por nervosismo, não por fuga das palavras. Não sabe. O que dizer? É personagem que não vive, que anda e o único pensamento é o passo (silêncio). Silêncio vago, não de mistério, é de vazio, de lugar que nem mesmo passarinhos chegam perto no recolher da tarde, muito menos no acordar da manhã, que festejam entre os bons-dias em cantos e voos. 
Se antes havia procurado ajuda por não saber expressar os pensamentos, agora a ajuda é por não saber o que expressar. E pergunto-me: por quê? Será isso o ser humano? O lidar bem com a fala não é somente o falar bem, mas falar de modo que não fique a sensação de que tudo foi falado. E as pausas entre as palavras, o que elas não disseram? Ou disseram sem dizer? Aprender a falar e a andar parece maior, parece que é para toda a vida, assim como ser. (Aliás, aprende-se?). O falar-bem trouxe-a excitação, ânimo de quanto mais se tem, mais se quer. Mais se fala. Daí, os equívocos. E da percepção do princípio de equívocos, o silêncio. Pelo menos, percebia. Não percebia tudo porque o labirinto estava montado, e assim como um belo labirinto, havia aquelas paredes que fazia-a encontrar-se com si mesma. E só aí percebia porque no caminhar, sem perceber o labirinto, pensava apenas no caminhar. Equívoco. O cultivo de pensamentos limitados a um ato. Traz silêncio e o som oco dos passos por dentro, com o tempo, dói e corrói. O eco exterior, se existe, ouvi-lo não é pecado, transformá-lo em interior, sim. Feroz, destrói possibilidades de plantações e flores que, em pensamento, imaginavam em nascer. E não nascem. Brutalidade: transformar-se em bruto, material, objeto, silencioso como coisa - silêncio de coisa, é isso -. Não quero ser pedra que só recebe as marcas da água do tempo. 


[Sobre a personagem que aparece e some de repente:
Eu ou ela? Até aonde vai o limite entre o ser-criado e o ser-que-existe?
Não sei, mas os verbos que se mesclam na terceira e primeira pessoa querem, 
sim, me (nos) dizer alguma coisa.]

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