domingo, 9 de março de 2014

Pensamento 20 de 365

Acontece como se nada acontecesse. Acontece que não aconteço. Acontece que não me conheço. 

Mas
as descobertas
acontecem
(aconteço)

De repente, aconteço - aconteço! -. Aconteço por saber que já acontecia. Aconteço por saber que aconteci e continuo com o que me aconteceu aqui, comigo, o ser.  É tão singelo que existe o medo de perder as palavras para dizê-lo, de deixar o momento escapar. É tão singelo que parece que nunca irá escapar que, por ser simples, torna-se natural e vive com o que existe também dentro de quem sou. 
O mundo e o mundo que há em mim: conflito. O que há parece maior do que é. Parece, mas o acontecer é como o caminho de equilíbrio dessas duas linhas que se conversam, se entendem, se complementam. E quando aconteço, vivo os dois mundos, encontro com os dois, sinto os dois. Vivo, realmente. O respirar deixa de ser um simples ato de inspirar e expirar, mover com o peito pra cima e para baixo, e torna-se um sentido, significado da vida: o existir. Existir como ser. Existir como ser que influência (simples) no ar, que se adentra e aquece e encontra o coração que encontra tudo que encontra os pensamentos que encontra os sentimentos que encontra tudo e assim o somos: humanos. 

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O livro que começa com ponto-e-vírgula e termina com dois pontos: o ponto que não terminei e a vírgula que não comecei. Dois pontos: a busca entre o breve - e eterno - espaço do fim e do começo. 

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(Clarice, era assim também com você?)

Silêncio. É silêncio. E um grito: a voz de quando se está sozinho, faz tudo ganhar vida, o ouvido se atenta e percebe os estalos, os estalos como surpresa ou susto tocam o coração ou os pensamentos e mudam o olhar, uma nova percepção aparece e - lembrança - sua aparição não vêm para aniquilar as que já vieram um dia. Todas se conversam, se entendem, se complementam; pois já no caminho do teu ser, leva ao caminho ainda mais profundo: um novo aconteço e, assim, ser mais o que já era sem saber ou ser além (o não-ser também existente, silencioso, com esperança silenciosa pelo próximo estalo);
E o que acontece ou acontecerá: a aparição do simples e mais: seu acolhimento no ato de respirar, como os batimentos cardíacos: estão ali mas são só ouvidos quando se chega perto e os descobrem, quando se aproxima e os sentem, que os escutam e vi-ve. Por saber, aqui bate um coração, vive. E o que acontece o inteiro interior do tempo é: aconteço. 

Sobre o não acontecer inicial: estado de dormência para um novo acontecer.
Eu aconteço.
Nesse corpo
há um ser.

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