domingo, 20 de junho de 2010

A descoberta (des)agradável

Cheguei em casa. Não reparei em muita coisa, minha mente estava com poucos pensamentos e somente um se repetia freneticamente: eu precisava descansar.
Entrei no meu quarto. Estava tudo aquela bagunça de sempre. Joguei minha mochila no chão, minha jaqueta na poltrona. Ouvi o som dos botões de ferro batendo no couro, parei por um minuto. Havia algo mais. Algo novo, um pensamento novo. Eu precisava descansar, isso era fato, mas eu precisava de algo mais além disso... Coloquei a mão em meu peito, senti meus batimentos cardíacos. Eles estavam acelerados  de mais e isso já explicava tudo. O frio invadiu o cômodo e pairou sobre mim durante muito tempo. Sem ter muita consciência de meus movimentos, me apoiei na parede, senti a sua frieza. Sua textura gélida me fazia bem. Encostei meu rosto nela e fiquei ali, parada. Sentindo o ar frio e arrepios passando por minha espinha. Estava ignorando tudo aquilo. Por um momento, o meu cansaço, que era de extrema importância antes, se tornou algo mínimo deparado com o que eu estava prestes descobrir. Mas antes de ter qualquer pensamento a respeito, quis ter certeza de minha conclusão.
Mais uma vez, prestei atenção nos meus batimentos cardíacos e começaram a vir imagens em minha cabeça. Imagens da minha semana, períodos do meu dia em que me encontrava somente com uma pessoa entre muitos assuntos e abraços. Lembrei das borboletas que dançavam em meu estômago enquanto nós estávamos próximos, enquanto eu me perdia em seus abraços, ou no seu doce perfume.
Pensamentos confusos, sem término começaram a me ocorrer: "Será isso mesmo? Será que... Não pode ser... Ou pode?"
Enterrei meu rosto nas mãos ao terminar de repassar todas aquelas cenas em minha cabeça. Eu estava impaciente comigo mesma. Eu estava inquieta. Meu coração estava batendo mais forte e não era por mim, mas por alguém. E eu já sabia de tudo, mas passei dias e mais dias escondendo de mim mesma o que estava aos meus olhos porque a verdade era que eu me sentia despreparada para passar por isso agora, eu tenho medo de perder o rumo do qual estou me dedicando, tenho medo de me perder na metade do caminho por causa de uma mera paixão.
Ah, mas não é fácil de ignorar um sentimento desses. Sinto-me frágil por não conseguir me controlar em alguns momentos, não conseguir controlar meus pensamentos e desejos de querer estar ao lado dele com frequência. Sinto-me frágil por não ter controle de uma das coisas que mais me pertence nessa vida: meus pensamentos.
Há tanta confusão, tanta indecisão. Ah, paixão, por que quis me encontrar agora? Por que? Ah, paixão...
Vesti meu pijama e me joguei na cama sem pensar. Não queria pensar. Eu não iria pensar em porquês. Não iria pensar mais em nada. Agora, nem músicas caírião bem aos meus ouvidos.
Esqueci de todas as preocupações. Esqueci dos meus afazeres pendentes. Esqueci de todas as complicações, de todos os problemas, do dia cansativo que tive e dormi. Enfim. Dormi.
Passei o tempo inteiro dizendo "Enfim" enquanto as horas se passaram para que finalmente chegasse nesse momento de agora, onde eu me encontraria deitada na cama e dormiria igual uma pedra.
Eu previ certo. Enfim, dormi. E igual uma pedra. Amanhã é um novo dia e como todos os novos dias, terei que acordar e enfrentar novamente tudo aquilo que eu fiz questão de esquecer agora. E enfrentarei de peito aberto, sem me desequilibrar. Tentarei não me desiquilibrar.

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