sábado, 18 de dezembro de 2010

Dois corações

"Shhh, alguém vem vindo. Segure as lágrimas, Laryssa."
Já se tornou rotina ter que esconder o que há de maior em mim. Quando alguém se aproxima, eu mudo. Não importa quem seja, eu sempre mudo. Às vezes, fico parada olhando meu reflexo no espelho e chego a conclusão de que não sei mais quem eu sou, não sei quem é aquela garota que enxergo no espelho, não sei por que ela sorri ou mantém o olhar sério, não sei por que ela ainda está alí. Você sabe? Não, ninguém sabe. 
É estranho pensar que entendo muito mais as pessoas do que a mim mesma. É fácil de entendê-las, de ajudá-las e fazê-las felizes mas quando a situação inverte e vira-se para mim, o fácil deixa de existir. E pior, ninguém pode me ajudar porque nenhuma pessoa sabe como eu estou agora. Não sabem sobre o que estou pensando nem o que estou sentindo. 
Acho que se alguém me ajudasse, no começo, me sentiria desconfortável com a situação mas, depois, o conforto invadiria meu coração com rapidez, aquecendo-o. 
Tenho dois corações. Um que há poucos batimentos cardíacos, que vive na frieza e solidão e o outro ainda insiste em viver, ainda insiste em sentir todos os sentimentos bons que há no mundo, insiste em lutar contra os males que há ao meu redor, insiste em dar forças ao meu corpo para que eu posso continuar andando, respirando e lutando. 
Dois lados vivendo dentro de mim. Lados totalmente opostos que se contraem a todo o momento, um querendo vencer o outro e ver qual irá prevalecer no final de tudo isso.

Nenhum comentário: