quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Estrelada

- Para aonde vai, senhorita?
- Para um lugar aonde você nem ninguém pode ir.
- E que lugar é este?
- Estou indo para as estrelas, as minhas estrelas. Deixe-me ir e voar em direção a elas.
Ele sorriu. Nunca havia ouvido, na vida, uma resposta daquelas. "Eu estou indo para as estrelas." ele repetiu a frase em seu pensamento e ficou a imaginar qual é o real significado desta frase.
- Como, senhoria?
- Para as estrelas.
- Deixe-me ir contigo?
Agora quem sorriu foi ela. Como deixar alguém acompanhá-la em tal lugar?
- Não, fique aqui.
- Por que...
- Não. Fique. Minhas estrelas não ficam neste céu que você vê quando chega a noite. Eu mesma as criei. Se quer me acompanhar, crie suas próprias estrelas. As minhas serão sempre diferente das suas, diferentes de todos que criarão ou criaram já as suas próprias, pois nosso olhar nunca será o mesmo. E se você não tem a mesma maneira de olhar para as minhas estrelas, nunca as entenderia ou enxergaria sua importância, seu brilho com clareza. - Ele estava ouvindo tudo muito atentamente. Depois de uma pausa, ela prosseguiu com um sorriso no rosto - A mente humana é mágica, se deixá-la ser assim. Criei minhas estrelas, cada uma com seu próprio brilho. Pense comigo, quando está de manhã, não vemos as estrelas e, à noite, elas aparecem. O mesmo acontece comigo. Há dias que estão aqui, outros não. Hoje elas estão, posso senti-las, e preciso visitá-las. Quando eu voltar, não me peça para dizer como foi a visita. Eu nunca saberei explicar exatamente e você nunca saberá, a não ser que tenha o seu próprio céu. Para encontrá-lo, não busque-o aqui fora, mas dentro de você. Encontre uma janela entre seus sentimentos que dê vista para suas estrelas. Comece apoiando seus braços sobre ela e, depois, pule-a, se jogue.
Os dois sorriram após este discurso. A senhorita seguiu o seu caminho para as estrelas e, o amigo dela, foi-se a criar o seu próprio caminho para as estrelas.

Nenhum comentário: