quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ir-se, início.

Ela criava um futuro que não viveria. E sabia que não iria vivê-lo. Mas criava, mesmo assim, por ter uma mente inquieta, andante entre pensamentos da imaginação, entre planejamentos do que poderia ou não acontecer.
Não perdia nada ao planejar. Se acontecesse, já estava com tudo pronto mentalmente; se não, seguiria em frente e planejaria algo diferente. Isso é o que os olhos enxergavam de longe e superficialmente. Se fossemos vê-la de perto, cuidar dos seus cuidados, dos seus detalhes, veríamos que entre um plano não realizado e outro, havia muito sentimento. Um deles era a saudade. Sim, saudade. De quê? De como viveu enquanto planejava. Tais momentos costumam trazê-la felicidade por pensar sempre muito positivamente, até quando enxergava a possibilidade de não acontecer o que ela queria que acontecesse. Pensava assim. Por que não?
Apesar de não poder adivinhar o futuro, poderia fazê-la de sua própria adivinha do que viria sem saber o que realmente estava por vir. Não há impedimentos para isso. Se existe um lugar onde somos livres para fazermos o que quisermos, este é o nosso querido pensar, nossa imaginação, nossa mente. A liberdade vive aqui, a não ser que você cisme de acorrentá-la com pensamentos anti-liberdade que, ultimamente, encontramos soltos por aí. 
Nascemos com liberdade e esta pode se perder em nós através do tempo ou não; pode ser encontrada depois ou não; pode ter uma vida curtíssima enquanto você vive longamente, pode viver longamente enquanto você vive sua vida curta, pode ser tão curta quanto a vida ou tão longa quanto ela. Pode, sempre pode. Pode qualquer coisa. Pode, pode, pode. Ela é a liberdade, então, pode. 
Entretanto, a liberdade deixava de habitar tal moça aos poucos, tão devagar e tão rápido como o Sol que surge ao amanhecer cor a cor, tom a tom; rápido e lento. A diferença é: o amanhecer, você nota quando ele se vai e a liberdade quando se vai... Ah... Talvez você não perceba, não diga adeus sem pronunciar tal palavra por, simplesmente, não vê-la partir dia após dia, segundo após segundo num tchau-de-mão tão vagaroso quanto o distanciamento fugaz que em câmera lenta se faz, se acontece. Mas, infelizmente, não se percebe, não se observa, não se vê, deixa-se partir e se deixa partir. Deixou-se partir ao deixa-la partir; partiram-se, uma de si; outra, em si.

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