terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ir-se, fim.

Depois dessa época, nunca mais se encontraram. Seguiram caminhos opostos. A liberdade não voltou atrás, pois só retorna se, ao menos, notarem que se foi. Ela não notou e logo, logo partiu definitivamente de desgosto que sentia por algo que não sabia nem mesmo o que era. No fundo, sabia, mas não dizia para si. Sabia, mas não investigava. 
De tanto que seus planos passaram a dar errado, parou de planejar. Esvaziou-se. Não mais sentia àquela felicidade quase imediata. A saudade quente que lhe servia como café da tardezinha virou amargura, virou a sede que chega na sua garganta em plena madrugada e você não acorda, não levanta para beber o copo d'água. Sente preguiça, prefere dormir, continuar seu sono. E dorme. E continua. E ela não mais sonhou. Deixou de viver, deixou de colecionar imagens para sua criatividade e seu subconsciente fazerem festa no único período do dia em que ainda tinham o restinho de liberdade que sobrara na xícara: o tempo em que sonhava.
Foi-se e não mais conseguiu voltar para si. Foi-se de si.

Um comentário:

letícia g. galvão disse...

Perder-se de si mesmo é a situação mais angustiante que pode existir. Mas no fundo, uma hora ou outra, a gente se encontrar, amassado no fundo na gaveta, meio rabiscado, mas se encontra.