sábado, 2 de fevereiro de 2013

Insistência no insistir

A vontade me serve com seus mais belos frutos; a racionalidade me condena, lançando-me seu olhar de mãe que repreende o filho quando o vê fazendo algo de errado.
A emoção é forte demais e o medo, mais uma vez, me domina. Finjo que não ouço, que não vejo, que não sinto enquanto, em mim, há um mundo. Este mundo, coitado, cala-se quando mais quer e precisa falar; recebe somente o direito de permanecer mudo, mas grita silenciosamente de um modo, que ouvido de longe, mais se parece com um sussurro que precisamos nos esforçar para ouvir mas, se ouvido de perto, terá vontade de sair correndo para longe de tão alto, tão intenso que é. E será ainda mais, ele me disse. 
Ele anda me fazendo chantagens, me provocando, disse que a surda sou eu por não me permitir ouvi-lo. E pior: a surdez está no meu coração, que foge como louco quando conhece algo que o faz sorrir e se acelerar. Parece coração idoso que tem medo de morrer enquanto seu tum de agora aposta corrida com o tum que se foi, e assim vamos num tum-tum, tum-tum, tum-tum-um-u-m-u-t-u-m sem pausa. Tum engolindo tum. Eu, engolindo-me. 
Mesmo reconhecendo o medo, ainda sinto medo só por senti-lo, só de imaginar que ele poderá piorar, se tudo melhorar porque, quanto mais isso acontece, maior a esperança, as lembranças; maiores serão todos os sentimentos. Melhorará se piorar? Piorará se melhorar? 
Ah... Queria ser profeta, adivinha do futuro; queria saber lidar com o tempo, controlar a ansiedade, a espera e esse o-que-será-de-mim-mais-tarde-?. Queria ser adivinha de pensamentos, saber te ler por dentro sem me deixar guiar pelo o que eu quero ver, mas pelo o que realmente há. Só que é difícil controlar quando os olhos insistem em enxergar somente aquilo que desejam ver. Difícil de saber a verdade quando o coração insiste em insistir sentir. Difícil saber o que irá acontecer quando insisto em não saber se insisto no insistir ou no não-insistir. Difícil de prever quando se vive o que é fácil de imaginar quando somente se inventa.


[Engraçado quando você consegue ri daquilo que um dia te atordoou.
O rascunho está realmente empoeirado.
O momento realmente passou.

Nenhum comentário: