sexta-feira, 14 de junho de 2013

Pensamento 16 de 365

..

Céu, aguentaria a minha chuva?

..


Dois mil e ter-se anda cada vez mais complicado. A cada dia que se passa, quero ser quem eu era no passado quase-ontem. Quero o ser-eu-inteiro. (Terei-o?)
Muitas mudanças ao mesmo tempo (explosão e): tempestade. Temporal. Tempo chovendo tempo. As gotas doem quando encontram o corpo enquanto ele, sem sentir, caminha para o insensível. Só sei que não chegou ao fim dos passos porque ainda sinto as gotas. Ainda sinto sua dor doer em mim. Dor de fora pra dentro. Dor do céu que cai sobre mim.
E... se eu chovesse de dentro pra fora? E se o céu passasse a receber também minhas gotas? Pergunta (outra): o céu aguentaria se eu chovesse nele?
Pareceria guerra. Parece guerra. O motivo é a quietude que anda trazendo cada vez menos paz. A quietude transformou-se no mudo, no não falar com muito para dizer e, por isso, calar-se mais por ter me deslocado de noções de meio, fim, início. (O meio para a finalidade e quando passou a ser fim.)
Perdi. Perdi-me em mim entre o caminho de ter-me comigo. Faria isso parte da trajetória? Não sei, sinceramente, não sei. Mas estou tentando... Estou tentando descobrir. Descobrir-me. Faz verão aqui, primavera, outono, não preciso de tantos casacos ou cobertores. Descobrir-se é necessariamente o meu preciso.

[Que sempre existam pássaros
 por baixo do cobertor
 que cobre meu peito. 
Pássaros e flores. 
Também poetas. 
(Um mundo.)

Um pequeno detalhe grande:
a explosão veio da Clarice.
O texto-explosão-Clarice é
 esboço para muitas ondas
 geradas pela bomba.
 Ainda estou em fase de medição e estudo
 das suas frequências e amplitudes.]

Nenhum comentário: