domingo, 5 de maio de 2019

Da teimosia feroz

O filho nasce e penso que seria diferente.
Penso o quanto mudaria.
Que viria, sinceramente, uma nova visão
- a esperança.

Mas tudo continua o mesmo.
O mesmo erro.
O mesmo egoísmo.
A mesma falta de enxergar.
E exclusão.

Essa que dói tanto.
Não queria afirmar.
Mas não posso deixar de fazê-lo,
seria ignorância
porque é, porque é ela que tá aqui
e existe.

Pulsa tanto que paralisa
o pulsar.
Daquela dor que vai parando o peito
devagar
diminui
o tempo de vida
o meu
e o seu

Seria tão fácil
tão simples
se não tão simples não fosse,
não seria
mas é e, mesmo assim,
acaba não sendo.

De um lado, ela me olha, tão imperiosa
de outro
o controle
que dá tanto o gosto
dói em quem gosta
dói em quem é controlado
em que observa e convive
vidas se perdem nesses exatos momentos
tanto impacto

De outro
a confusão
que faz pensar estar fazendo a coisa certa
engano infinito
pensamentos tão restritos
apequenadores.

Nossa condição é tão imensa
tão viva
que aqui estamos
encontramos esses pormenores
que assim deveriam ser
e viram tão maiores, gigantes
nos prendem e amordaçam
por quanto tempo?A
- por aquele tempo que você permitir

seria tão fácil
pela companhia sincera
pela sinceridade por si só
pela verdade
plena e limpa
como é
olhos claros
e cheios de brilho
vida inteira
pulsante
e imensa.

Sem fim,
existe um tempo em que tudo se explica.
Queria eu que se explicasse no agora.
Que fosse visto - tão claro.
Percepção tão pura.
Tão nós.
Que não se vai.
Permanece e agrandece,
acrescenta o sempre.

A mim e a tantos alguéns queridos. 
Dói um infinito.
Mas que venha descoberta ainda maior. 

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