quarta-feira, 19 de maio de 2010

Me retiro.

Estou sem meus ouvidos. Não ouço. Não escuto nenhum ruído.
Minha boca não serve mais para falar. Não mais. Ela não faz o seu trabalho. Não mais. Porém, meus olhos estão atentos a todo momento, em movimento. Observando cada detalhe, cada furada, cada deslize ou acerto, cada erro. E é nesse momento que minha boca se fexa, pois não adianta falar. Não adianta mais. Cansei de avisar.
"Cada um tem a sua própria vida e eu cuido da minha.", ouvi dizer. Eu estava indo, falando de boa vontade sem má intenções, querendo ajudar, somente. Mas ao contrário de meus olhos, os seus não enxergaram bem o que rolava sob o ambiente. E não estou perdendo nada com isso, a não ser que a falta de responsabilidades atinjam outras pessoas inocentes. Aí eu perco por sofrer. Porque dependendo de quem atingir, sofrerei.
O que me resta é me afastar. Fingir que não ouço. Fingir que não tenho falas. Calei-me. E minhas boas intenções cessaram-se. Assistirei tudo calada, infelizmente não tenho outra opção. Não há como não assistir. A situação não me envolve, nunca me envolveu, mas quem está no jogo é uma pessoa querida. Um jogo cruel. Que agora, pareço ser a única que consegue enxergar essa tal crueldade.
Peço a Deus. Queria que entregasse seu caminho a Deus. Peço proteção. Muita proteção.

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