domingo, 27 de fevereiro de 2011

Querer não é poder

Há tanta preguiça no mundo, há tantas pessoas que deixam de agir por estarem acomodadas e pensarem que a vida, estando daquela maneira, encontra-se perfeita ou, até mesmo, pensam o contrário disso e não fazem nada para que mude aquilo que não gostam ou as incomodam. 
Não é preciso ter medo da mudança. Talvez ela pareça ser assustadora de vez em quando mas, na verdade, não é. Se você tiver medo de mudar e sonhar em ter liberdade, nunca realizará esse sonho. A mudança e a liberdade andam de mãos dadas e duas das suas inimigas são: a acomodação e a preguiça.
E eu estou aqui, forte, muito forte e, mesmo assim, não posso exercer nada através da minha força. Não tenho preguiça, costumava agir sempre que algumas boas e más oportunidades surgiam a minha frente. Sim, eu dava chance as más oportunidades também porque, no começo, elas não parecem ser agradáveis só que depois você percebe que foram elas que fizeram com que a sua vida torna-se diferente e melhor. Aproveitava qualquer chance (com sabedoria), até aquelas que não se encontravam tão perto de mim, corria atrás para alcançá-las. E conseguia. A vontade, nesse caso, era a minha maior força. Na verdade, até hoje continua sendo a minha maior força só que tornou-se em algo frustrante por não ter mais utilidade.
A princípio, tenho vontade de fazer coisas simples das quais as pessoas não costumam dar muito valor mas que, para mim, seriam milagres se eu as conseguisse fazer. Queria, nesse momento, poder abrir uma geladeira e pegar uma garrafa d'água, abrir uma janela e olhar o céu azul e pássaros voando; queria ler um livro, jogar qualquer jogo de cartas ou tabuleiro; queria abraçar alguém, sentir o calor de um abraço depois de tanto tempo; queria sorrir de uma maneira que não estranhassem por minha boca entortar tanto; queria brincar com uma criança e refletir sobre aquela maravilhosa fase de vida que ela vive; queria contar piadas, mesmo que fossem sem graças; queria comer sozinho e fazer o meu próprio prato de comida; queria poder agradecer as pessoas que amo por estarem comigo agora (faria isso sem hesitar) e dizê-las o quanto são importantes para mim. Ah, como eu queria. Queria ter uma dessas oportunidades, pelo menos. A vontade de praticá-las continua aqui, viva mesmo que seja em vão. Agora, sinto apenas um gosto amargo na boca e uma grande melancolia, tristeza e saudade. A melancolia e tristeza por não poder fazer nada que, antes, eu podia e por não ter mais capacidade de ser capaz. A saudade por viver ainda e nos momentos em que as lembranças de minha vida correm entre meus pensamentos.
De todos os sentimentos que o ser humano é capaz de sentir, somente estes me restaram. Afinal, é difícil passar mais de quinze anos vivendo sem poder se mover de maneira correta, sem poder falar e andar.  Os sentimentos acabam sumindo, mesmo.
Quanto aos meus sentidos, eles ainda estão bem vivos, mas para quê prestam?
Se um ser humano inventasse algo que me tornasse capaz de me movimentar somente através dos pensamentos, seria de grande adianto, no meu caso. Mas talvez  isso está longe de acontecer ou se acontecer, já terei partido.
Você, que ainda tem vida (vida de verdade), não a desperdice. Aproveite-a. Tenha vontade e deixe a preguiça encaixotada em algum canto dentro de você de uma maneira que ela não possa te impedir de viver., mudar e fazer o que tem vontade. Quanto a tristeza alheia, encaixote-a também. 
Não deixe o tempo passar sem que tenha feito algo de útil. Não esteja acordado de uma maneira que pareça que está dormindo a todo o momento. Cuide das pessoas que cuidam de você e cuide-se também. Tenha compaixão, ame, apaixone-se sem temer. Não deixe de falar aquilo que seu coração diz que deve ser falado. 
Não se perca em seu próprio caminho, tenha sabedoria na hora de tomar suas escolhas e não deixe que ninguém as tome por você. Viva, por mim que encontro-me numa cama durante vinte e quatro horas, intercalando o meu tempo entre dormir, assistir televisão, ir ao banheiro (dependendo de alguém, claro) e comer. Aproveite a capacidade que você tem de viver. Se não encontrar um bom motivo para isso, faça-o por mim que tenho vontade de fazer o que você pode. Tenho só vontade porque não posso fazer, infelizmente. E sinta tudo que pode e quanto pode. 
Sinta.
Viva.

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