domingo, 24 de julho de 2011

Em busca da inspiração, quarta (e última) parte

                               
Confusa e angustiada, chegou a janela e passou a observar o céu azul, os pássaros e as pessoas que passavam pela sua rua. Avistou um casal de idosos, de mãos dadas. Olhavam um ao outro, estava claro que ainda se amavam. "Isso é raro de se ver nos dias de hoje.", pensou consigo e sorriu. E começou a sentir algo estranho no seu coração, era, ainda, a inquietação que aumentou rapidamente. Pegou o papel e começou a montar sua história baseada naquela cena que acabara de avistar, estava ficando uma maravilha e, pela primeira vez, assistiu indícios do sentimento de realização caminhando até ela.
Relatou sua infância, sua adolescência, a fase adulta e a velhice, que talvez fosse vivenciar, de maneira fantasiada, com momentos que ela nunca viveu mas que gostaria muito de vivê-los. Relatou tudo que gostaria que tivesse acontecido na sua vida, mas que não aconteceu. Sua escrita saiu embaralhada como se fossem palavras cuspidas, pois ela não estava querendo escrever toda a história alí e agora, era apenas um rascunho, um modelo que seria seguido na escrita do seu livro que teria como tema principal, não o amor, mas seus sonhos que nunca foram realizados, suas aventuras que nunca foram vivenciadas.
Trabalhou o dia e a noite que se seguiu sem se sentir cansada, pelo contrário, seu coração passava por um turbilhão de sentimentos, estava a mil. Ela havia se desligado de tudo a sua volta, principalmente do tempo, escrevia rapidamente e pensava mais rápido ainda. Não seria possível parar de escrever tão cedo sem, ao menos, finaliza-lo, levando em conta em como ela se encontrava naquele momento de quase realização e satisfação quanto o que escrevia.
Quando viu seu texto completo, ao amanhacer do dia seguinte, releu-o lentamente e atentamente, sem pressa de chegar ao seu final. Avistou sua parte preferida, onde enxergava o auge da sua inspiração, sorriu.
Com a leitura, seus batimentos cardíacos foram se acalmando e, devagar, apaziguaram-se por completo. Junto com o coração, sua mente se acalmou e ela começou a retornar a si. Sentiu soltar o papel que segurava em suas mãos sobre a mesa, sua cabeça tombando sobre dele, fechou os olhos devagar como se estivesse caminhando para uma boa noite de sono.
Assim, sorrindo de leve, com o coração em paz, a alma inspirada, o sonho a um passo de ser realizado, expirou. Naquele papel onde seu resto opoiavasse, havia vida, as palavras eram vivas. Ela deixou ao mundo a sua maior obra que, mesmo rascunhada, poderia ser chamada dessa maneira; a sua maior ideia conseguiu libertar-se.

Quero agradecer a Karol por aconpanhado essa história e me dado força para terminá-la através dos lindos comentários que ela escrevia sobre meu pequeno conto, obrigada.

5 comentários:

Gustavo Rigon disse...

Dá pra imaginar um filme passando enquanto se lê, um filme cheio de sensações! Gostei muito da tua história!

Unknown disse...

Me arrepiei toda. Li sorrindo, sentindo cada movimentos. Tão gostoso, tão inspirador. Entre as quatro partes, esta é a que mais me invadiu. Imaginei-a, delicada e triste como sempre, escorada em uma varando, os cabelos sendo levados pelo vento, os pensamentos rodopiando na sua cabeça, contagiando pequenos detalhes. Imaginei-a triste, mas não de tristeza maldita. Não uma tristeza de encher os olhos de água, de desmotivas sonhos, não. Uma tristeza quase despercebida, aquelas que se ninguém falar ou perguntar passa quietinha por nossos meios. Senti tanto a história, acho que me inspirei.

Nhwm, não precisa agradecer. Eu é que deveria te sufocar de agradecimentos por escrever algo tão cuidadoso e bonito e eu poder me deliciar lendo.

Marcelo disse...

Oi Laryssa, obrigado pela visita. =)

~Eric Farias disse...

*---------------* Não há palavras para dizer como eu me senti quando terminei de ler uma de suas pequenas "obras" rascunhadas como esta ! Taí,uma história que pode ser transformada em um livro, que não fale sobre relacionamentos amorosos com outras pessoas e sim com sua mente ! Gostei mesmo lary !

Unknown disse...

Decidi criar vergonha na cara ou tomar coragem, não sei bem ainda. Precisamos conversar mais, essa nossa amizade distante, de perguntas aqui, reconhecimentos ali, nunca em uma conversa privada é meio morna sabe? E algo me diz, que se cuidarmos, aquecermos, da para ficar quente. Comparação boba, eu sei. Me passa o seu MSN, não me recordo se já te tenho por lá... Ou os seus horários.

Também fico esperando seus comentários, são valiosos e me dão tanta força para escrever mais e mais. Nhom.