Era seu aniversário. Os pais lhe deram parabéns, desejaram força; os tios e os primos, felicidade; os avós, saúde; a irmã deu-lhe somente um abraço, não disse nada, mas dentro dele, dentro do coração, havia um desejo: amor, mais amor.
Ela decidiu fazer o seu próprio bolo. Não havia planejado nada e, para não passar o dia em branco, só em branco, decidiu que esta cor fosse acompanhada com um pouquinho de doce, granulado e chocolate. Ao terminar as compras no mercado, começou a conversar com o caixa. Os produtos lembraram-no festa, e os comentários, aqueles que costumam não dizer nada, que existem somente para disfarçar o silêncio, foram por este caminho. Festa? Digamos que sim. Só um bolo de chocolate, na verdade. Hoje eu meu aniversário, e eu não abro mão daquele momento faça-o-seu-pedido, sabe? Ele parou de passar as compras. Havia perdido muito nessa vida, mas não a sensibilidade, sabia a importância de um dia de aniversário até para aqueles que dizem "Não ligo." Liga, sim. Todos ligam. E então:
- O que há de bom nesse dia é ter vários momentos faça-o-seu-desejo direcionados das pessoas para você. Espero que você, moça, tenha sempre criatividade para recriar a realidade. Este é meu sopro, minha velinha para o seu bolo.
De todos os desejos, a do desconhecido foi a mais sincera, por isso profunda. Por não ver marcações de tempo-humano como qualquer outra coisa do dia-a-dia, transformou suas palavras exatamente no que disse: um sopro. Um sopro de vida. Eles sentiram o resultado. O sopro saiu do peito dele, quente, chegou até o dela, tão fervoroso que deixo-a gelada. Mil pensamentos. Mil sensações. O olhar traduzia o mil que os lábios não conseguiriam nem mesmo balbuciar. E o gesto de retorno foi exatamente esse: o olhar. Mais do que suficiente, mais do que completo. Ele mostrou que o céu existia novamente, ela mostrou as estrelas nos olhos, os brilhos captaram-se.
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