A linha
Toda vez que me pede para dizer a verdade, acontece: a verdade é desmontada como verdade. O que é real, tão real passa a ser questionado: por que tão real? Aquela interrogação tão certa de si, tão segura é capaz de desasegurar o que há equilibrado, como pode? Como pode mover minha própria segurança às vezes por segundos, às vezes por dias inteiros de pensamentos inconstantes. Será isso parte também dos dias? Por que há necessidade de algo que nos abale? Será isso renovação? Não me sinto renovada. Essa tempestade tempesteia e traz a calmaria com toque de esquecimento de seus pingos dolorosos. Com pena de mim, esqueço. A fim de me amenizar, esqueço. Até quando? E se vem e volta, não esqueço. Evitar o péssimo não me faz enxergar mais belezas, como eu pretendia. Como lidar, então? Só de chegar perto, penso em evitar, penso em esquecer. E o que se perde com essa escolha? O que a lembrança ou o esquecimento (mais fácil) ausenteia?
Tua pergunta é tão certa que mexe com minhas certezas. Tornam-se dúv ida s, d úvidas, dú vidas. É tão simples me mexe com as minhas simplicidades do dia a dia, os pensamentos do bom dia, os sentimentos à tarde e os sonhos e deslumbramentos à noite. Você me ama? Se te amo? É claro que te amo... É claro que te amo? Pois, quando é que o ideal e os sentimentos - também idealizados - correspondem certamente ao que é visto na realidade? O quanto de não-dito e não-feito fica no dito e feito? Pois é, moça, pois é.
A primeira interrogação e a sua resposta: a linha tênue entre a verdade e a mentira, a mesma existente entre o ideal-real. Vi. Deslumbrei, e é noite.
E assim: não é verdade nem mentira. É: sentimento. Puro e sentido. Puro sentido vindo dos sentidos. É, assim como os sentimentos são, sentimento.
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