Da janela do ônibus, encontrei um par de olhos distraídos mas que logo encontraram os meus. Os olhos pequenos que me enxergavam, apertaram-se num sorriso sincero que sonhava em ser abraço. Os meus, sorriram o mais bonito que poderiam sorrir, abraçaram o mais forte que poderiam abraçar, pois eles sabiam que aquele momento iria partir assim que o sinal fechado se abrisse. Aquele momento de segundos que se eternizou, que até mesmo deixou o sinal vermelho sem vontade de virar verde para que pudesse observar por mais tempo a cena que presenciava; mas enverdeceu-se logo, tomando a cor da grama de um enorme campo feito para se deitar, conversar, rir, sorrir, se abraçar e se momentear. Deixei-me rolar por ela e ela rolar por mim. Acenei para a criança dos olhos risonhos que abraçam, deixei-a partir com o vento que seu ônibus jogou nos meus cabelos, como um suspiro de quem se vai sem querer ir, de quem se vai mas, de certa forma, fica.
E ficou.
O seu sopro assemelhou-se mais a um beijo de despedida em minha testa que recebi ainda sorrindo e com o coração dizendo "Fica, fica, fica." Mas foi-se sem ficar. Mas ficou-se sem ir.
E ficou.
O seu sopro assemelhou-se mais a um beijo de despedida em minha testa que recebi ainda sorrindo e com o coração dizendo "Fica, fica, fica." Mas foi-se sem ficar. Mas ficou-se sem ir.
Guardei-te. Agora, mora na Rua das Surpresas que nos Trazem Felicidade numa casinha simples que visito, com tempo ou sem tempo, visito sempre que posso.
Da série Olhares e Sinal Fechado.
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