terça-feira, 1 de abril de 2014

Help, a hero is bleeding

- Como ele está?
Lembrei-me de seus olhos e a lembrança me respondeu. Uma mania que estou tendo era fugir de respostas que não me agradassem - caminho perigoso, eu sei. Às vezes é fugir, às vezes evitar, outras procurar por uma outra resposta que a anule - às vezes encontro. Seus olhos ali tão agitados, refletiam ao fluxo de seu pensamento, todos rápidos, muitas percepções ao mesmo tempo - e o que eu sempre admirava: as palavras certas. Por mais que parecesse inquieto, as palavras eram certas, alvos, peças da minha procura. E acalmavam. Diante de uma realidade assombrosa de egoísmo ou de uma beleza da vida, acalmavam. Elas permitiam o abrir dos olhos, o enxergar, o coração em pleno ritmo com a mente, trazendo paz (mesmo que inquieta). 
Esperei para ouvir a resposta:
- Você não soube...? Ele não está bem.
Ele não está bem. Era a mesma resposta de seus olhos. A diferença era que eles aqui me gritavam: eu não estou bem. E intocável (por não saber de suas dores) e com vontade de abraçá-lo ao mesmo tempo, me respondiam. Respondiam em cada palavra dita, em cada lugar para que olhava. Respondiam com a paz - ainda existente - pedindo ajuda. Não sabia de quem. Nem como. Ajuda. Pura. Desde as simples até as complexas. 
A partir daí, veio a sua ausência. Encontrar um ser parecido com você (e da lembrança que tenho da sua melhor época) faz-te ausente ainda mais. Saber que não entrará pela porta que abre caminho aonde estou faz-te ausente. Ausente no lugar, ausente no momento, presente em mim. Presente em tudo que te ausenteia. 
Saudade.

Duas vezes tu me levantaste. Numa, eu estava me reerguendo, noutra, caindo. E, - já com a semente de inquietude que hoje te perturba -, me salvaste acreditando em mim. Me lembrou que posso falar ao me ouvir. Me lembrou que posso agir: 
"Laryssa, enfrenta. 
Enfrenta.
É isso que você quer? Então!, enfrenta."
Teu acreditar foi uma luz que acendeu o meu acreditar. Fê-lo emergir da onde quer que estivesse, fê-lo viver. Eu posso falar e posso agir; saber disso foi como aprender a andar: o momento em que os passos que nascem dentro de ti surgem até os seus pés e te fazem caminhar. 

Sofremos. Eu, constantemente. Tu, pelos motivos que te tornam intocável e abraçável. Eu, por não saber como te abraçar agora. Se sofremos, acredito que é para ser melhores do que somos. Um dia, nos encontraremos com a calma no coração que sonhamos. 

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