Já não sei mais onde está o que escrevo. Os versos vêm, a prov[s]a vêm, acomodam-se em algum lugar de mim, aconchegam-se e perco-os de vista. Seus rastros ficam, sinto, aparecem como imagens escritas que dançam pela mente, correm pela mente como quem surge do esconderijo para ver se você consegue seguir e encontrar aonde está escondido. Mas é rápido, rápido demais. E meus passos são lentos, lentos demais. Tornam-se lentos a medida que tento correr. Se o cotidiano é corrido - a ponto de transformar-se em corriqueiro [não!] -, não ando. Com o mundo, a pressa deve ser devagar. Com as palavras, o devagar deve ser a pressa, que é a vontade e a curiosidade de descobrir o que está além, mesmo que os olhos estejam voltados ao aquém, pois há além no aquém [e se há]. Nos dois: quanto mais lento se for, mais longe se chega. O lento é a calma. A calma dos passos, do caminho, do refletir, do escolher. O refletir é olhar para si e transmitir o que vê para o exterior. Antes, o interior precisa ter traços simples e próprios. Não é transformar-se em arte final, não [olha, a calma]. Mais simples, depois próprios. Virão quase juntos, acompanham-se. Se achar a simplicidade, te achará (o próprio). Os passos e o caminho, formaram os ninhos e as paisagens. O nascer, o por, o tarde. Escolhidos são pelo olhar ao passo que o caminho é traçado. Nos quatro: a calma. Na calma: o descobrir-se. Estou eu diante de que céu?
Texto-suspiro-sufocado, setembro.
Um comentário:
Saudades de te ler, Andorinha.
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